quinta-feira, 11 de novembro de 2010


Vamos falar sobre o VALOR das coisas. Ontem ocorreu um fato que me surpreendeu.
Tenho uma rodinha de amigas muito queridas e que dentro da correria de cada uma, a gente tenta arrumar  tempo, encaixar as agendas,  para fazer alguns encontros onde vale tudo: falar mal dos outros (tem gente que merece, vai) , discutir coisas sérias e banalidades, e claro, dar muitas risadas.
Para o nosso encontro de final de ano, pensei em sugerir algo diferente, e veio a idéia de fazer um amigo secreto que ao invés de comprarmos presente para a nossa amiga secreta, iríamos dar algo nosso, que fosse especial e que a gente iria dividir coma outra pessoa. Pensei em vários mimos: livros,  um objeto de decoração para casa, ou até um poema que nos fosse importante, tivesse um significado especial em nossas vidas.
Mas para minha surpresa, minha idéia não agradou a maioria e ouvi de algumas amigas que elas não queriam trocar coisas "usadas". Bom, acho que não consegui me expressar, por que eu não me referi a coisas "usadas" e sim a coisas especiais. Outras disseram não ter nada que pudessem dividir e que não tivessem a necessidade de repor. Fiquei triste. No nosso mundo do consumo, o Significado perdeu valor.
Este post não é nenhuma crítica as minhas amigas, que com certeza devem ter suas razões pessoais por não terem aceito a idéia. Mas meu objetivo real é fazer um convite,  um singelo convite  para todos nós, para refletirmos sobre o VALOR de cada coisa que temos em nossas casas, em nossas vidas e principalmente dentro de cada um de nós.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

SAUDADE - palavra triste quando se perde um grande amor

Do que eu mais sinto falta dele? Do cheiro. Era tão bom chegar em Santos, dar aquele abraço e sentir o cheirinho do meu pai.
Tem hora que me dá um vazio, um vazio sem tamanho, de saber que esta saudade não tem como matar. Paro, respiro e tento me convencer que esta é a lei da vida e que é preciso aceitar. No começo eu até conseguia fechar os olhos e sentir aquele cheiro, mas hoje não consigo mais, foi diminuindo conforme aumentava minha saudade.
Eu sei que a gente tem a cultura de endeusar as pessoas que já se foram, e realmente não tenho este objetivo, por que por mais saudades que eu tenho, sei que meu pai tinha os seus defeitos, mas afinal, quem não os tem?
Ele veio de uma família de imigrantes italianos, trabalhavam todos numa padaria no interior. Certa vez, me contou que quando tinha 14 anos e viu todos os irmãos casando e tendo a padaria como o sustendo não só mais de si, mas também da nova família, ele se deu conta que aquilo ali não suportaria todo mundo e o melhor a fazer era sair fora e estudar. Tenho que admitir que foi um pensamento um tanto inteligente para um garotinho do interior.
Ele se mudou de cidade, trabalhava de garçom num bar em troca de um quarto nos fundos para dormir. Terminou os estudos. Casou-se com uma mulher que tem um dos corações mais bondoso que eu conheço, trabalhou em banco, numa multinacional, se mudou muito de cidade, até que, forçadamente, se aposentou depois de uma passada de perna por um colega de trabalho, coisas que acontecem na vida.
Meu pai dizia coisas que ficaram gravadas em mim. Uma delas era que não ia deixar herança para seus três filhos, mas garantia a faculdade e o curso de inglês. E foi isto que ele fez. Só posso agradecer, pois hoje tudo que tenho é graças estas duas heranças, que hoje entendo que valem muito mais do que apartamento, carro, coisas afins.
Outra frase dele era que a confiança que tinha nos filhos era como um cristal, que se um dia trincasse ou quebrasse, nunca mais voltaria ser igual. Ok, um tanto piegas esta frase, mas admito que me lembrei delas TODAS as vezes que pensei em fazer ou fiz algo que julgava errado.
Sinto falta de não poder dividir com ele cada nova conquista de minha vida. Porém, com esta experiência de perda, aprendi que a pessoa que morre não vai embora totalmente de nossas vidas, mas deixa um pedacinho de si dentro da gente. Então eu vou assim...sempre conversando com este pedação dele que ficou dentro do meu coração.