domingo, 20 de março de 2011

Flores do Cárcere, por Flavia Castro



Alguns dias atrás eu ganhei um livro que me chamou atenção. Chamou tanto que eu o passei na frente da fila de livros que estão na cabeceira da minha cama.
O livro se chama Flores no Cárcere e conta um pouco de como funciona a rotina na cadeia feminina de Santos.  A autora conseguiu abordar um tema denso de uma forma leve, expondo a realidade triste daquele lugar utilizando nomes de flores para compor os personagens desta estória.
O livro ultrapassa a linha de definir o que é bom ou ruim, o que é bonito ou feio, quem é inocente ou culpado. Mas fala de dignidade e de relações humanas, que estão presentes dentro da cadeia, no nosso trabalho, na relação com nossos familiares e até na relação da gente com a gente mesmo.
Me identifiquei com vários aspectos do livro, mas principalmente quanto a convicção de que a educação é a base de tudo. Que todos nós temos nas mãos a possibilidade de mudança do status quo, mesmo quando parece que não temos nada a fazer. A Vontade e a Coragem muitas vezes são o suficiente.
Além disso, o livro fornece um visão de como funciona o sistema carcerário e como as presidiárias são tratadas no nosso país. Ah, sim,  sim,  neste mesmo que diz ser oitava economia mundial.
Segue um trechinho da entrevista que a autora deu para a Jovem Pan:

segunda-feira, 7 de março de 2011

Relato de Viagem I


Era agosto de 2007.
Eu estava querendo fugir do mundo, cavar um buraco e me enfiar dentro. Como esta idéia não era das mais inteligentes, eu negociei uma semana de férias no trabalho, gastei umas milhas e uns trocados e comprei 3 trechos: São Paulo - Buenos Aires - Santiago - São Paulo. Sozinha, pouca grana no bolso e uma mochila nas costas.
Buenos Aires: Fiquei num albergue e como "mochileira de primeira viagem" cheguei procurando a toalha de banho para tomar uma ducha...nem me liguei que albergues não fornecem toalhas e na maioria das vezes nem lençóis. Tudo é aprendizado. Comprei as toalhas e enquanto sondava o recepcionista das possíveis baladas para aquela noite, conheci duas chicas brasileiras, curitibanas, que em algumas horas mais algumas Quilmes e Stellas, se tornaram minhas amigas de infância. Passei quatro dias ótimos na companhia de minhas amigas, ri como há tempos não ria. A despedida foi com os olhos molhados e promessas de nos reencontrarmos no Brasil (o que realmente ocorreu).
Dali segui meu caminho para Santiago e passei pelo pior vôo da minha vida, muita turbulência enquanto sobrevoava os Andes. Chequei tensa na cidade, onde nevava e fazia menos 3 graus. Chegando no albergue só entendia a seguinte frase do recepcionista:
- Problema em su reserva. Problema em su reserva.
 O quarto feminino que eu tinha reservado estava ocupado por uma família (de brasileiros, por acaso) e só tinha uma única vaguinha, num quarto misto. Só para lembrar: nevava muito lá fora. Então, "decidi" ficar com aquela vaga.
Depois de um tempo fui descobrir que estava num quarto com três meninos e euzinha que tinha tornado aquele quarto misto. Deu medo, dormi a primeira noite com um olho aberto e outro fechado, mas graças ao bom Deus que sempre me protege nas minhas aventuras, os meninos eram de boa, 2 americanos e um australiano, os três estavam em busca das belas estações de esqui chilenas.
Mas o fato pitoresco aconteceu na minha última noite enquanto me preparava para dormir. O australiano tinha ido embora e tinha uma cama vaga no nosso quarto. Eis que entra um rapaz no quarto e eu, que estava sozinha naquele momento, não sabia se falava "hi", "holla" ou "oi". Tímida como sou, comecei a papear com um "hello. where are you from?" e deu certo. Era um simpático inglês que estava a caminho da Patagônia e estava fazendo um pit stop ali.
Dei uma saidinha do quarto para escovar os dentes (para ajudar, era banheiro externo) e quando volto, meu amigo pergunta "Friend, do you mind if I hjqwdbguyaewgcbjashbc??". E agora? Não tinha entendido o que ele perguntava, e meu lado orgulhoso pesou bemmm mais alto e resolvi não perguntar "Sorry??? What???".
Respondi:
- That's Ok. No problem.
(Silêncio)
De repente, zump zump, meu amigo fica peladinho na minha frente e aí sim eu entendi a pergunta....ele queria saber se eu me importava dele dormir pelado.
Fiquei vermelha como um pimentão, mas tive que fingir que aquilo era normal. Antes que se animem com o final da estória ou esperem algo picante....ele foi para a cama dele e eu para minha, trocamos mais algumas palavras sobre o Brasil e no dia seguinte, quando acordei, meu amigo peladão já tinha ido embora.
Enfim, aventuras fazem parte, mas da próxima vez, pensarei duas vezes antes de soltar um "no problem" sem entender exatamente o que estão me perguntado.

sábado, 5 de março de 2011

FELICIDADE REALISTA por ??!!??

No post anterior eu citei um texto que atribuí ao Mario Quintana, mas enquanto procurava na net o texto integral para colocar aqui, li em alguns sites que este texto na verdade é da Marha Medeiros. Enfim, não sei quem é o verdadeiro autor, mas continuo achando que vale MUITO a pena desfrutar o texto abaixo....quero deixá-lo registrado aqui no caderninho roxo. :-)

" De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor… não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par, e não como ímpares? Ter um parceiro constante não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo às expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com três parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.”

quinta-feira, 3 de março de 2011

Seria hipócrita afirmar que não gosto de dinheiro. Como todas as pessoas normais, eu adoro dinheiro. Dinheiro para viajar, comer bem, gastar no shopping e melhor de tudo, ter tranqüilidade na hora de colocar minha cabeça no travesseiro e saber que meu balaço financeiro está ok.

Mas a linha do desejo é infinita, vai da quantidade mínima para a subsistência (quem deseja este ponto da linha imagino ser pessoas muiiito iluminadas espiritualmente) até o infinito. Vale citar aquele poema de Mario Quintana que diz que não basta querer dinheiro para morar dignamente e poder ir no cinema de vez em quando...mas desejamos o apartamento na praia, o último carro do momento, roupas, jóias, status, etc, etc............ INFINITO.

Dessa maneira, vemos um vale-tudo atrás das verdinhas (naquela linha de que o Fim justifica os Meios, mas para que queremos o tal do Fim?!).

Aqueles que eu chamo de operários (assalariados como eu) trabalham até altas horas, final de semana, tudo em busca daquele sagrado bônus que pode vir futuramente. Os mais abonados também querem mais, são negócios e mais negócios e nem sempre respeitando a ética e o bom senso. As verdinhas valem mais.

Nesta correria atrás dos nossos “desejos” tão maravilhosos, eu tenho constato que nos esquecemos algumas vezes de duas coisas básicas que o tal dinheiro não compra, e olha não vou falar aqui de Felicidade, já que é algo muito abstrato e relativo. Mas vou falar de duas coisas super objetivas: Dinheiro não compra Tempo nem Saúde. E coincidentemente a busca louca por dinheiro consome Tempo e Saúde!

Eu quero tempo para amar mais, saúde para desfrutar mais, tempo para ler mais, saúde para dançar mais, tempo para viajar mais, saúde para viajar mais (de novo!), tempo para não fazer absolutamente nadinha de nada, saúde para dar e esbanjar. E ponto FINAL!