sábado, 21 de setembro de 2013

Dica de Leitura: "Viver com Fé"


Sou filha de duas mães. Uma branca, outra preta. Uma biológica, a outra de coração. Uma professora, a outra empregada doméstica. Uma católica , a outra benzedeira. As duas lindas, com um coração do tamanho do mundo.
E foi assim que eu cresci. Com duas religiões diferentes vivendo juntas na mesma  casa, se respeitando,  e ambas me ensinando, a cada dia, o poder da Fé.

Para mim, é muito normal  recorrer ao Terço de uma mãe ou à Preta Velha da outra. Entendo que a conexão com Deus está presente em ambas e admiro muito a relação delas com seu lado espiritual. Admito que algumas vezes até invejo tamanha conexão e me questiono se algum dia eu chegarei lá.
Na verdade, ainda estou muito longe de alcançar metade da Fé das minhas mães. Eu sempre estou buscando, e buscando. Nos momentos difíceis, ela está sempre presente, viva, mas quando tudo vai bem, ela é meio deixada de lado, quietinha, até que o vazio do meu ser espiritual entra em "tiuti" e me chama atenção, me dá um alerta que alguma coisa não está legal.
E foi num destes momentos de "tiuti" que eu ganhei um livro. Presente de uma amiga muito especial, que veio no momento certo. Aquelas coisas que até parecem acaso.
O livro se chama "Viver com Fé" escrito pela atriz/apresentadora Ciça Guimarães  e pela diretora Patrícia Guimarães. É uma continuação do programa da GNT de mesmo nome, que é apresentado por Ciça e dirigido por Patrícia. Em cada capítulo, elas contam a estória de fé de duas pessoas. São estórias lindas, de pessoas que conseguiram passar por momentos difíceis, algumas vezes a vida inteira, sempre com base na Fé inabalável em algo maior. É um livro que a gente acaba de ler e tem vontade de voltar para a primeira página. É um alívio para a alma.
Segundo uma das protagonistas, Clara, "Se você confia em Deus e em Nossa Senhora, sempre tem happy ending. Uma pessoa que não tem, sobrevive, acha que alegria está em ter e não em ser".
E para terminar, um poema de Maria Bethânia, também protagonista deste livro sobre Fé:         


Eu tenho Zumbi, besouro, o chefe dos Tupis
Sou Tupinambá, tenho Êres, caboclo boiadeiro
Mãos de cura, morubixabas, cocares, arco-íris
Zarabatanas, curares, flechas e altares
A velocidade da luz no escuro da mata escura
O breu, silêncio, a espera. Eu tenho Jesus,
     Maria e José; todos os pajés em minha companhia
  O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos" 

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Quem está pronto para morrer, levanta a mão!

No último domingo, eu tive a oportunidade (incrível!) de participar do primeiro sermão da The School of Life no Brasil. Para quem nunca ouviu falar, numa definição bem simples, é uma escola londrina que trata de temas da VIDA que a gente não aprende na escola. Mas para falar da TSOL vale um outro post, neste aqui, quero contar do Sermão.
A palestrante foi a Dra Ana Claudia, que é médica geriatra especializada em tratamentos paliativos para doentes terminais. Ela trabalha com pacientes que tem diagnóstico de uma doença incurável e que não existe mais tratamento médico para aquela situação. Pelo que entendi, este tratamento paliativo vai tentar reduzir a dor física que o paciente possa estar sentido e focar o trabalho num sentido mais humano, de forma a ajudar o paciente e sua família a passarem por aquele sofrimento da forma menos dolorosa possível.
Pensando de bate e pronto parece uma missão impossível, mas pensei muito sobre o tema, e já que a morte é um fato na vida de cada um, deve ser possível sim enxergar este momento com uma tristeza bonita, sem amarguras ou pânico e principalmente, sem dor física para poder aproveitar os últimos momentos.
A palestra foi sobre "Arrependimentos" e a doutora trouxe sua experiência para falar dos 5 maiores arrependimentos que as pessoas tem antes de morrer. 
Segundo ela, "a gente morre do jeito que a gente vive, não tem milagre".
E aqui vão eles:

1.  Eu gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim

Conhece  aquela estória de fazer a faculdade que o pai sempre sonhou para você ou de não se separar por que não vai cair bem perante a família e amigos ou até em coisas mais cotidianas, de fazer algo que não está a fim só para agradar outra pessoa? Acho que este arrependimento é por aí. No acerto final, é você com você mesmo, por isso, ser fiel a si mesmo, aos nossos sonhos e desejos devia ser regra no nosso mundão. Um montão de gente ia morrer mais feliz.

"Devia ter arriscado mais, até errado mais, ter feito o que EU queria fazer"

2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto

Eu acho que mudaria este aqui para eu não teria me acomodado e correria atrás do  trabalho que realmente me realizasse como profissional e ser humano. Mas acho que este é um puxão de orelha para darmos a devida importância ao trabalho sem esquecer de cuidar da nossa família, amigos, e principalmente de cuidar de nós mesmos.

"Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol se pôr" 

3. Eu gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos

Segundo a Dra Ana Claudia, a maioria das pessoas que está tateando o fim da vida atinge um grande grau de amorosidade. Acho que é por que nesta hora, cai a ficha de que  todas as aquelas coisas que corremos atrás a vida inteira podem não importar muito e o que realmente importa  são as relações que temos uns com os outros. Expressar amor  não mata, revive.

"Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer"

 4. Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos

Amigos que não são os 457 amigos do facebook, mas aqueles 3 ou 4, que a gente sempre lembra quando a gente ouve a música do Milton Nascimento que diz que amigo é para guardar do lado direito do peito. Os amigos irmãos que você escolheu pra toda  a vida e que vão estar do seu lado independente do seu status físico, emocional ou bancário. Para estes 3 ou 4, vale a pena mudar uma programação e fazer um esforço extra, para manter um contato olho no olho ao invés de se contentar com emails, sms, whatsapp e facebooks.

"Queria ter aceitado as pessoas como elas são, cada um cabe a alegria e a dor que traz no coração"

5. Eu gostaria de ter me deixado ser mais feliz

Para este arrependimento aqui acho que é mais ou mesmo assim: sabe aqueles pensamentos do tipo eu só vou ser feliz quando tiver isso ou aquilo ou quando tiver aquele peso, aquele emprego, etc. A nossa vida é o que a gente faz hoje e agora com o que temos hoje e agora, não dá para esperar para ser feliz amanhã.

"Queria ter aceitado a vida como ela é, a cada um cabe as alegrias e as tristezas que vier"

Acho que estas reflexões nos ajudam a tentar viver de uma maneira que quando chegar a hora da partida, a gente possa olhar para trás e ter tranqüilidade no coração que se fez o melhor que se podia ter feito para si mesmo e para o próximo mesmo sabendo que durante esta jornada, nossas decisões foram baseadas num quebra cabeça de peças incompletas. Porém, sempre se buscou dar o melhor de si, sendo aquilo que se  foi designado a SER.

"Hoje o tempo voa amor/Escorre pelas mãos/Mesmo sem se sentir/Não há tempo/Que volte amor/Vamos viver tudo/Que há pra viver/Vamos nos permitir" Lulu Santos


atualização em 01.12.13:
para quem quiser assistir o Sermão (vale a pena!), segue o link:

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Anunciaram e garantiram que o MUNDO ia se acabar

No final de 2012 rolou um boato que o mundo ia acabar. Tinha gente levando a coisa a sério, esperando o grande dia com data e horário marcado, quando o céu ficaria negro, estouros e lampejos brilhariam neste fundo escuro, o chão se abriria e tudo sucumbiria.
Pois é, mas nada disso aconteceu. Acordamos neste dia, trabalhamos, enfrentamos os mesmos problemas de sempre e fomos dormir ainda na esperança de que poderia acontecer algo, mas nada.  Quanta decepção.
Hoje eu consigo entender claramente o que era este fim do mundo. Não ia ser algo pontual, rápido e indolor. 
O fim do mundo é quando Seres Humanos passam a se tratar como bichos, ou talvez esta seja  uma comparação até injusta com os bichanos. É quando um cara te olha pasmo num metro lotado assim que  você pede desculpa  por pisar no seu pé. É quando um celular, uma moto ou alguns mirréis passam a valer mais do que a VIDA. É quando se coloca fogo em outra pessoa por qualquer motivo que seja. É quando matar, roubar e estrupar passam a ser rotina no noticiário.
Vivo na maior cidade do meu país e a cada dia que me levanto, vejo claramente este fim do mundo.
Vivemos prisioneiros dentro de nossas próprias casas.

E o fim do mundo vai chegando, devagarzinho, machucando, matando.

domingo, 7 de abril de 2013

Será ACASO?
Esta semana li coisas assim, do nada, em diferentes lugares, que me trouxe para um mesmo tema: Mudanças. A vida é cheia de mudanças mesmo quando tudo parece estar em perfeita harmonia.

Estória lida na coluna de Eugenio Mussak para a Vida Simples (abril/13):

"Era a história de um rei que vivia ansioso e insatisfeito. Um dia, um de seus conselheiros lhe deu um anel que trazia, embaixo da pedra, uma mensagem. Entretanto, a recomendação era que ela fosse lida apenas em duas circunstâncias: quando tudo parecesse perdido ou quando tudo parecesse perfeito.
Tempos depois, aquele reino entrou em guerra com outro. A situação não estava boa, a munição e os mantimentos estavam acabando e o rei percebeu que estava perdendo a guerra. Em um momento limite, ele estava escondido das tropas inimigas em um pequeno bosque e tinha certeza de que seria prisioneiro e, talvez, executado. Naquele instante de desespero, ele se lembrou do anel, girou a pedra e leu a mensagem: "ISSO VAI PASSAR".
Para sua surpresa, os soldados inimigos não o viram, ele se salvou. Depois conseguiu reagrupar seu exército, obteve um aliado forte, voltou à luta e recuperou o reino, ficando muito mais poderoso do que era antes. No meio da grande festa da vitória, entre danças, comidas e risadas, ele se lembrou de novo do anel. Dessa vez, girou a pedra no outro sentido e leu a mensagem: "ISSO TAMBÉM VAI PASSAR". 
Afinal, PERMANENTE é o nome que o PROVISÓRIO usa para passar despercebido".

Em alguns momentos de desespero, minha irmã costuma me perguntar: pensa daqui uns 5 anos, isso que está te desesperando, vai importar? Normalmente, a resposta é não...daí é trazer a racionalidade a tona, respirar 10 vezes e encarar o momento, a mudança e descobrir qual a maneira menos dolorosa de atravessar o rubicão.


sábado, 14 de abril de 2012

Enquanto isso na Ponte Aérea

Sabe aqueles dias que você PRECISA conversar com alguém? 
Eu estava assim num retorno de viagem ao Rio de Janeiro. Me despedi do colega de trabalho que ia embarcar no outro aeroporto e fui fazer o meu check in. 
- Qual sua preferência de lugar, senhora?
- Hummm...pode ser meio.
Santo Deus, quem em sã consciência prefere meio ao invés de corredor ou janela? Só aqueles que chegaram a conclusão que para papear, as chances dobram quando se está no meio.
Entrando na aeronave, já mirei o meu meinho lá me esperando. Na janela, estava um rapaz loiro, cabelo comprido, interessante. No corredor um senhor de meia idade. Nem preciso dizer quem foi minha vítima, né?
Fiquei aguardando o melhor momento para puxar um assunto que fosse algo melhor do que o clima ou o atraso do voo. Ele começou a ler uma revista de informática (acho) e eu rapidamente saquei da bolsa meu livreto do Arnaldo Jabour. Quando começou a passar na TV um trailler (lembrar de qual filme já é demais para minha memória), ele levantou a cabeça para assistir. Chegou o momento. Como eu já tinha assistido aquele filme, foi facinho soltar um: "Este filme é ótimo, né?".
Daí em diante foi só festa. Chegamos em São Paulo como melhores amigos de anos (p.s. incrível como eu tenho essa habilidade de ficar amiga em minutos). Não me lembro exatamente do que conversamos, só lembro que rimos muito e no final, trocamos contato que rende uma amizade virtual até hoje. A única coisa frustante foi que meu amigo falava tanto ou mais do que eu, e eu mais ouvi do que falei naquela ponte aérea.
Este para mim é o segredo da minha felicidade diária, fazer novos amigos, encontrar os antigos, trocar idéias, experiências, falar besteira e dar muita risada. Ahhhh, como isso é bom.
E este post vai em homenagem ao amigo de ponte aérea MAIS divertido que eu já conheci. Valeu, Ale!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

ah....Paris....Paris

Como prometido no último post (quase 1 ano atrás!), fiquei devendo contar por aqui como foi minha viagem ao velho continente. Pretendia escrever um post com minhas impressões de cada país, mas acabou não rolando. O que rolou mesmo foi minha paixão por Paris. De todos os lugares que eu fui, Paris já era o mais desejado e voltei encantada. Ultimamente, tenho pensando em como voltar para lá e ficar um tempo mais prolongado.
Toda essa introdução para falar que a partir de então, tudo que trata de Paris me encanta, me chama. Uma amiga já sabendo deste meu novo vício, me emprestou o livro da Paula McLain, chamado Casados com Paris. E este, com certeza, merece um post aqui no caderninho roxo!
O livro conta a estória do primeiro casamento de Hemingway, com a jovem Hadley Richardson, mais conhecida como a esposa de Paris. Um LINDA estória de amor, tendo como cenário o mundo pós guerra, mais especificamente a louca Paris dos anos 20, com a companhia de personalidades como Gertrude Stein, Ezra Pound e Scott Fitzgerald.
Gostei de como o livro mostra o quanto o amor pode ser lindo mesmo sendo finito. Tiveram o melhor um do outro, no tempo que durou.




"Nunca é alguém além de você quem faz alguma coisa, e só por esta razão não deveria se arrepender"



sábado, 2 de julho de 2011

Sobre Paixões - O Começo de uma História

A paixão por viajar é o que se transforma dentro de mim sempre que vejo novas paisagens, quando escuto diferentes línguas ou quando vejo no rosto das pessoas traços diferentes daqueles que estou habituada no meu habitat de origem.
Isto me permite ver o mundo de uma outra magnitude, algo muito maior do que minha vida e problemas individuais. Sei que todas as noites o céu estará estrelado no lago Titicaca, que Buenos Aires continua a cidade com mais lindos parques e que o sol se põe lindo todo final de tarde sob aquela duna de Jeri.
E quando volto aos meus problemas e penso em me desesperar, lembro de todas estas coisas maiores, e o que um tempinho atrás tentava me amedrontar, vira grãozinhos de areia dissipado pelos fortes ventos das praias que já passei.
E qual a melhor parte de viajar? Com certeza é voltar para casa! Mas isto eu vou deixar para um outro post pois hoje eu estou SAINDO de casa, atrás de um velho sonho, que eu fui criando com base em vários livros que li e filmes que vi. O sonho de conhecer o Velho Continente.
Nessa "ida" começarei por Madri, depois Barcelona, Paris, Londres, Amsterdam, e finalizando em Madri. Deixarei registrado aqui no Caderninho Roxo minhas impressões, minhas aventuras e minhas dicas, tudo o que pode ser útil para um próximo viajante, mas mais do que isso, que me permita relembrar, reviver esta viagem sempre que eu quiser.
Boa Viagem e que Deus me Proteja!