sexta-feira, 5 de novembro de 2010

SAUDADE - palavra triste quando se perde um grande amor

Do que eu mais sinto falta dele? Do cheiro. Era tão bom chegar em Santos, dar aquele abraço e sentir o cheirinho do meu pai.
Tem hora que me dá um vazio, um vazio sem tamanho, de saber que esta saudade não tem como matar. Paro, respiro e tento me convencer que esta é a lei da vida e que é preciso aceitar. No começo eu até conseguia fechar os olhos e sentir aquele cheiro, mas hoje não consigo mais, foi diminuindo conforme aumentava minha saudade.
Eu sei que a gente tem a cultura de endeusar as pessoas que já se foram, e realmente não tenho este objetivo, por que por mais saudades que eu tenho, sei que meu pai tinha os seus defeitos, mas afinal, quem não os tem?
Ele veio de uma família de imigrantes italianos, trabalhavam todos numa padaria no interior. Certa vez, me contou que quando tinha 14 anos e viu todos os irmãos casando e tendo a padaria como o sustendo não só mais de si, mas também da nova família, ele se deu conta que aquilo ali não suportaria todo mundo e o melhor a fazer era sair fora e estudar. Tenho que admitir que foi um pensamento um tanto inteligente para um garotinho do interior.
Ele se mudou de cidade, trabalhava de garçom num bar em troca de um quarto nos fundos para dormir. Terminou os estudos. Casou-se com uma mulher que tem um dos corações mais bondoso que eu conheço, trabalhou em banco, numa multinacional, se mudou muito de cidade, até que, forçadamente, se aposentou depois de uma passada de perna por um colega de trabalho, coisas que acontecem na vida.
Meu pai dizia coisas que ficaram gravadas em mim. Uma delas era que não ia deixar herança para seus três filhos, mas garantia a faculdade e o curso de inglês. E foi isto que ele fez. Só posso agradecer, pois hoje tudo que tenho é graças estas duas heranças, que hoje entendo que valem muito mais do que apartamento, carro, coisas afins.
Outra frase dele era que a confiança que tinha nos filhos era como um cristal, que se um dia trincasse ou quebrasse, nunca mais voltaria ser igual. Ok, um tanto piegas esta frase, mas admito que me lembrei delas TODAS as vezes que pensei em fazer ou fiz algo que julgava errado.
Sinto falta de não poder dividir com ele cada nova conquista de minha vida. Porém, com esta experiência de perda, aprendi que a pessoa que morre não vai embora totalmente de nossas vidas, mas deixa um pedacinho de si dentro da gente. Então eu vou assim...sempre conversando com este pedação dele que ficou dentro do meu coração.








5 comentários:

  1. Tenho tanta dificuldade de falar sobre esse assunto...

    Só posso deixar meu abraço apertado prá vc...

    Vem ver o Léo no feriado!!

    Dani e Léo

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  2. Suspeita-se que a memória seja mesmo um ótimo lugar para guardar nossos queridos ausentes.
    bjs.

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  3. Profundo o texto... eu me arrependo de ter passado anos da minha vida sem mto contato com meus pais, mesmo morando na mesma casa sabe!? sempre correndo de um lado a outro, sempre mil coisas a fazer.. tipo, sem diálogo... mas hoje tento repor esse tempo "parando" mais para ouvi-los... beijos,

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  4. é...por isso que a gente tem que realmente fazer como dizia o Renato Russo..."amar como se não houvesse o amanhã"

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  5. Esse laço que une as pessoas que é chamado de AMOR perdura para sempre! Acredite, existem algo bem mais profundo do que a saudade e um dia você vai constatar isso... No mais, é ir em frente na sua tarefa! Gostei do post!!!!

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