Sou filha de duas mães. Uma
branca, outra preta. Uma biológica, a outra de coração. Uma professora, a outra
empregada doméstica. Uma católica , a outra benzedeira. As duas lindas, com um
coração do tamanho do mundo.
E foi assim que eu cresci. Com
duas religiões diferentes vivendo juntas na mesma casa, se respeitando, e ambas me ensinando, a cada dia, o poder da
Fé.
Para mim, é muito normal recorrer ao Terço de uma mãe ou à Preta Velha da outra. Entendo que a conexão com Deus está presente em ambas e admiro muito a relação delas com seu lado espiritual. Admito que algumas vezes atéinvejo tamanha conexão e me questiono se algum dia eu chegarei lá.
Para mim, é muito normal recorrer ao Terço de uma mãe ou à Preta Velha da outra. Entendo que a conexão com Deus está presente em ambas e admiro muito a relação delas com seu lado espiritual. Admito que algumas vezes até
Na verdade, ainda estou
muito longe de alcançar metade da Fé das minhas mães. Eu sempre estou buscando, e buscando.
Nos momentos difíceis, ela está sempre presente, viva, mas quando tudo vai bem, ela é meio deixada de lado, quietinha, até que o vazio do meu ser espiritual entra em
"tiuti" e me chama atenção, me dá um alerta que alguma coisa não está legal.
E foi num destes momentos de
"tiuti" que eu ganhei um livro. Presente de uma amiga
muito especial, que veio no momento certo. Aquelas coisas que até parecem acaso.
O livro se chama "Viver com Fé" escrito pela
atriz/apresentadora Ciça Guimarães e
pela diretora Patrícia Guimarães. É uma continuação do programa da GNT
de mesmo nome, que é apresentado por Ciça e dirigido por Patrícia. Em cada capítulo, elas contam a estória de fé de duas pessoas. São estórias lindas, de
pessoas que conseguiram passar por momentos difíceis, algumas vezes a vida
inteira, sempre com base na Fé inabalável em algo maior. É um livro que a gente
acaba de ler e tem vontade de voltar para a primeira página. É um alívio para a alma.
Segundo uma das protagonistas, Clara, "Se você confia em Deus e em Nossa Senhora, sempre tem happy ending. Uma pessoa que não tem, sobrevive, acha que alegria está em ter e não em ser".
E para terminar, um poema de Maria Bethânia, também protagonista deste livro sobre Fé:
" Eu tenho Zumbi, besouro, o chefe dos Tupis
Sou Tupinambá, tenho Êres, caboclo boiadeiro
Mãos de cura, morubixabas, cocares, arco-íris
Zarabatanas, curares, flechas e altares
A velocidade da luz no escuro da mata escura
O breu, silêncio, a espera. Eu tenho Jesus,
Maria e José; todos os pajés em minha companhia
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos"