sexta-feira, 19 de julho de 2013

Quem está pronto para morrer, levanta a mão!

No último domingo, eu tive a oportunidade (incrível!) de participar do primeiro sermão da The School of Life no Brasil. Para quem nunca ouviu falar, numa definição bem simples, é uma escola londrina que trata de temas da VIDA que a gente não aprende na escola. Mas para falar da TSOL vale um outro post, neste aqui, quero contar do Sermão.
A palestrante foi a Dra Ana Claudia, que é médica geriatra especializada em tratamentos paliativos para doentes terminais. Ela trabalha com pacientes que tem diagnóstico de uma doença incurável e que não existe mais tratamento médico para aquela situação. Pelo que entendi, este tratamento paliativo vai tentar reduzir a dor física que o paciente possa estar sentido e focar o trabalho num sentido mais humano, de forma a ajudar o paciente e sua família a passarem por aquele sofrimento da forma menos dolorosa possível.
Pensando de bate e pronto parece uma missão impossível, mas pensei muito sobre o tema, e já que a morte é um fato na vida de cada um, deve ser possível sim enxergar este momento com uma tristeza bonita, sem amarguras ou pânico e principalmente, sem dor física para poder aproveitar os últimos momentos.
A palestra foi sobre "Arrependimentos" e a doutora trouxe sua experiência para falar dos 5 maiores arrependimentos que as pessoas tem antes de morrer. 
Segundo ela, "a gente morre do jeito que a gente vive, não tem milagre".
E aqui vão eles:

1.  Eu gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim

Conhece  aquela estória de fazer a faculdade que o pai sempre sonhou para você ou de não se separar por que não vai cair bem perante a família e amigos ou até em coisas mais cotidianas, de fazer algo que não está a fim só para agradar outra pessoa? Acho que este arrependimento é por aí. No acerto final, é você com você mesmo, por isso, ser fiel a si mesmo, aos nossos sonhos e desejos devia ser regra no nosso mundão. Um montão de gente ia morrer mais feliz.

"Devia ter arriscado mais, até errado mais, ter feito o que EU queria fazer"

2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto

Eu acho que mudaria este aqui para eu não teria me acomodado e correria atrás do  trabalho que realmente me realizasse como profissional e ser humano. Mas acho que este é um puxão de orelha para darmos a devida importância ao trabalho sem esquecer de cuidar da nossa família, amigos, e principalmente de cuidar de nós mesmos.

"Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol se pôr" 

3. Eu gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos

Segundo a Dra Ana Claudia, a maioria das pessoas que está tateando o fim da vida atinge um grande grau de amorosidade. Acho que é por que nesta hora, cai a ficha de que  todas as aquelas coisas que corremos atrás a vida inteira podem não importar muito e o que realmente importa  são as relações que temos uns com os outros. Expressar amor  não mata, revive.

"Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer"

 4. Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos

Amigos que não são os 457 amigos do facebook, mas aqueles 3 ou 4, que a gente sempre lembra quando a gente ouve a música do Milton Nascimento que diz que amigo é para guardar do lado direito do peito. Os amigos irmãos que você escolheu pra toda  a vida e que vão estar do seu lado independente do seu status físico, emocional ou bancário. Para estes 3 ou 4, vale a pena mudar uma programação e fazer um esforço extra, para manter um contato olho no olho ao invés de se contentar com emails, sms, whatsapp e facebooks.

"Queria ter aceitado as pessoas como elas são, cada um cabe a alegria e a dor que traz no coração"

5. Eu gostaria de ter me deixado ser mais feliz

Para este arrependimento aqui acho que é mais ou mesmo assim: sabe aqueles pensamentos do tipo eu só vou ser feliz quando tiver isso ou aquilo ou quando tiver aquele peso, aquele emprego, etc. A nossa vida é o que a gente faz hoje e agora com o que temos hoje e agora, não dá para esperar para ser feliz amanhã.

"Queria ter aceitado a vida como ela é, a cada um cabe as alegrias e as tristezas que vier"

Acho que estas reflexões nos ajudam a tentar viver de uma maneira que quando chegar a hora da partida, a gente possa olhar para trás e ter tranqüilidade no coração que se fez o melhor que se podia ter feito para si mesmo e para o próximo mesmo sabendo que durante esta jornada, nossas decisões foram baseadas num quebra cabeça de peças incompletas. Porém, sempre se buscou dar o melhor de si, sendo aquilo que se  foi designado a SER.

"Hoje o tempo voa amor/Escorre pelas mãos/Mesmo sem se sentir/Não há tempo/Que volte amor/Vamos viver tudo/Que há pra viver/Vamos nos permitir" Lulu Santos


atualização em 01.12.13:
para quem quiser assistir o Sermão (vale a pena!), segue o link:

5 comentários:

  1. Lindo!!!

    E Parabéns, vc está escrevendo melhor a cada postagem!

    Aguardo o post sobre a TSOL. By the way...rs vc iria curtir a disciplina q ministrei semestre passado: Bioética!

    Um beijo,

    Dani

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  2. obrigada Dani!!! andei sumida por aqui mas pretendo voltar a escrever com mais frequencia!
    eu adoraria assistir sua aula :-)
    beijos

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  3. Excelente texto!
    Infelizmente na maioria das vezes só temos a real consciência sobre essas coisas tão óbvias quando já não há muito tempo. Ou quando não há nenhum tempo.

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    1. é isso aí, Rosana. por isso que eu acho bom refletirmos sobre este tema (apesar de não muito agradável! rs) para tentar ter mais consciência desta realidade enquanto ainda temos tempo! beijis

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  4. Adorei o resumo!!! Perfeito!! Um beijo, Ana Claudia

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